Guto Ferreira deu ao Bahia o último motivo possível para sua demissão
O Bahia perdeu sua primeira partida como mandante no Campeonato Brasileiro, e a derrota foi suficiente para terminar a passagem de Guto Ferreira pelo tricolor. O técnico, com o revés para o Grêmio, não resistiu à pressão da torcida e da própria diretoria, e foi convidado a deixar o Fazendão. Uma atitude que não surpreende.
Apesar de ter levado 2 a 0 dos gaúchos, o que determinou a saída de Guto, na verdade, foram os resultados longe de Salvador. Já havia escrito aqui no blog sobre o assunto. O desempenho do Bahia como visitante é sombra do que o time mostra na Arena Fonte Nova, e a consequência é a pior campanha fora de casa entre os times da Série A. A postura, por muitas vezes covarde, potencializou a rejeição ao trabalho do treinador.
Num ato quase desesperador, Guto Ferreira levou para a coletiva de imprensa os números do jogo contra o Grêmio. Alegou que o time teve mais posse de bola, criou mais chances de gol (enumerou até a quantidade de cruzamentos para a área adversária) e pisou no último terço do campo mais vezes que o seu rival. Em suma, buscou explicar que o resultado não refletiu o desempenho de sua equipe. Uma meia-verdade, já que o Grêmio mostrou a eficiência capaz de decidir jogos. Um nível que o Bahia ainda não atingiu.
De qualquer forma, Guto Ferreira deixa um legado no tricolor. Fez o time gostar da bola, buscar a posse ofensiva e envolver o adversário em casa. Na Fonte Nova, o Bahia voltou a ser respeitado. Deixou de ser um mero coadjuvante para ditar as regras dentro de casa. A prova de que o legado existe é que ele foi demitido justamente após perder a primeira como mandante na Série A. Um motivo que ele ainda não tinha dado aos dirigentes do clube. A sua demissão, porém, não é absurda.
E agora? Quem assume?
A diretoria do Bahia não deve fugir do perfil que tem buscado nos últimos anos: treinadores emergentes, estudiosos, que gostem do jogo de posse de bola e que saiba trabalhar com categorias inferiores. Com exceção de Paulo Cézar Carpegiani, técnico com bons resultados em 2017, os profissionais que assumiram o tricolor se encaixavam nessas premissas.
Mesmo com o trabalho elogiado, Carpegiani não deve ser lembrado. Nos bastidores, o Bahia entende que, fisicamente, o treinador não deixou um bom legado. Suas atividades técnicas e táticas não acompanhavam os trabalhos físicos, e o elenco começou o ano com um desequilíbrio nessa área. O diagnóstico, inclusive, foi determinante para que a diretoria buscasse outros nomes em dezembro, quando Guilherme Bellintani assumiu a presidência.
O Bahia espera que o novo técnico faça o time ter mais atitude fora de casa. Por ser um elenco montado para praticar o jogo apoiado, o tricolor não sabe jogar de forma reativa. Falta ousadia a um time capaz de mostrar desempenhos melhores dos que tem apresentado até então.
Zé Ricardo reúne alguns dos requisitos impostos pelo Bahia. Não é o nome dos sonhos, mas já entrou no radar tricolor desde a sua saída do Vasco, na noite do último sábado. É um nome que agrada, inclusive, Guilherme Bellintani. Marcelo Chamusca também é visto com bons olhos, mas pesa o fator experiência em grandes competições: o baiano já mostrou trabalhos de qualidade em Guarani e Ceará, mas não está acostumado com a pressão da Série A do Campeonato Brasileiro – algo que será levado em consideração pela diretoria, mas não é o fator definitivo para seu descarte.
Até a direção do clube tomar uma decisão, Cláudio Prates assume interinamente o Bahia. Auxiliar técnico do time principal e treinador da equipe sub-23, Prates já teve a experiência de treinar o América-MG na Série A, também como interino. Foi auxiliar de Cuca no Palmeiras, ano passado, substituindo Alberto Valentim. Num mercado que tem valorizado trabalhos como os de Maurício Barbieri, Thiago Larghi, Osmar Loss e Odair Hellmann, Cláudio Prates pode ter a grande chance de surpreender.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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