E se julho fosse fevereiro?
O futebol brasileiro volta à sua rotina esta semana, e eu sei que não dá para fingir que está tudo começando do zero. Porém, com o retorno do Campeonato Brasileiro, podemos experimentar algo que o calendário poderia proporcionar toda temporada.
Na Europa, lugar onde se joga o melhor futebol do mundo, as primeiras partidas oficiais dos clubes acontecem nos campeonatos nacionais. O torcedor começa a ter contato com os grandes jogos logo após as pré-temporadas, matando a saudade depois de quase três meses sem competições. Começar um novo ciclo com partidas atraentes motiva o consumo e mantém o produto valorizado o ano inteiro. No Brasil, viveremos “artificialmente” essa sensação a partir de quarta-feira.
Com mais de 30 dias de intertemporada, os clubes da Série A voltam ao Campeonato Brasileiro renovados. Muitos reformularam seus elencos e tiveram tempo para recuperar atletas desgastados com a maratona do primeiro semestre. A maioria dos torcedores sente a falta de seu time do coração entrando em campo. Nada melhor do que acabar com a saudade assistindo uma partida de Série A.
A reflexão nos faz olhar para o calendário e, mais uma vez, constatar que o futebol brasileiro continua no caminho errado. O ano de 2018 começou com os estaduais, na terceira semana de janeiro, sem uma pré-temporada adequada dos clubes. Partidas tecnicamente ruins e estádios vazios – além de as equipes não estarem preparadas física, técnica e taticamente em 12 dias de trabalho, os adversários dos grandes clubes nos estaduais não oferecem um jogo competitivo. O contato com finais de semana mais excitantes acontece apenas a partir de maio.
Todos sabem que a mudança do calendário do futebol brasileiro será benéfica para a qualidade do jogo. Iniciar o ano com o Campeonato Brasileiro 30 dias após uma pré-temporada também eleva o negócio. Fragmentar os estaduais durante o ano também oferece aos clubes menores a chance de se manterem em atividade por mais tempo. Oferecer tempo de preparação entre um jogo e outro dá aos treinadores a possibilidade de consolidação dos seus trabalhos. Para os clubes que disputam a Libertadores, é interessante entrar na competição continental disputando grandes jogos em seu país – as referências técnicas da Série A são muito maiores e, consequentemente, aumentam o nível de competitividade em nível internacional.
Repito que não dá para fingir que tudo começa na quarta-feira. Muitos clubes recomeçam o Brasileirão sob pressão. Porém, é uma oportunidade de observarmos o quanto o futebol brasileiro poderia ganhar se julho fosse fevereiro.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
E se julho fosse fevereiro?
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