Com apoio de 'ex-tropa de choque' do Flamengo, Federação do Rio terá candidato (polêmico) de oposição pela 1ª vez
*Pequena pausa: o blog está de férias até fevereiro. Volto em breve ;-)
Pela primeira vez em doze anos, o presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, terá um opositor na eleição da entidade, prevista para acontecer a partir de março. O candidato de oposição tem entre seus cabos eleitorais o ex-presidente da Torcida Jovem do Flamengo, expulso dos quadros de sócio do rubro-negro, capitão Leo, além de José Carlos Peruano, também ex-integrante da organizada. Rogério Manso Moreira tem 45 anos e diz que pretende modernizar o futebol carioca.
Ao invés de ser comemorada por ser uma oposição à gestão que vem sendo continuada desde os tempos de Eduardo Viana, o Caixa D´água, a candidatura de Rogério é vista com desconfiança nos bastidores do futebol carioca. Rogério já foi preso sob a acusação de aplicar golpes em bancos no Rio, processo que ainda responde (formação de quadrilha e estelionato), mas do qual se declara inocente.
Em entrevista ao blog, Manso afirma já ter apoio de 30 a 45 clubes, mas não cita quais. O edital da federação prevê ao menos 18 assinaturas para a inscrição de uma chapa, sendo obrigatório, no mínimo, três assinaturas das seis categorias: séries A, B1, B2, C, amador e ligas.
Manso também afirma ter apoio do ex-presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva. Procurado, ele diz que está conhecendo as ideias do candidato. Todos os apoiadores rubro-negros do candidato são considerados desafetos da atual gestão.
Você é candidato à presidência da Ferj?
Hoje eu sou pré-candidato, a gente está em campanha. Hoje mesmo eu visitei mais alguns clubes, acabei de gravar, agora. A gente tem ido no interior todo, tem conversado com alguns clubes da série A, todas as categorias. Estamos andando.
Você já tem apoio de quem?
O problema é que não estamos divulgando com muita precisão, todos que já estão compromissados conosco porque está todo mundo disputando campeonato, né. Então estamos tendo um certo cuidado em relação a isso. Mas hoje a gente tem de 30 a 45 clubes conosco.
Tem clube da série A, também?
Temos
E qual é o limite para inscrever?
Vai ser publicado, quer dizer, a Federação tem de publicar em fevereiro o edital das eleições pra março. Então você tem um prazo em torno de 15 dias pra você registrar sua chapa.
E precisa de quantas?
São 3 assinaturas por categoria. Série A, B1, B2, C, amador da capital e ligas. Tecnicamente hoje você tem 88 ligas, mas na eleição de 2014 você tinha 19 ligas aptas. Precisa de 18 assinaturas
Quem idealizou sua candidatura? Como foi a decisão de se tornar candidato?
A gente vem estudando a federação há muitos anos. Tanto a questão regimental, quer dizer, o estatuto, e também a questão da logística do futebol do Rio de Janeiro. Como eu também sou militante do segmento, a gente desenvolveu um projeto, a gente desenvolveu as nossas ideologias, entendeu? E você vê todo o despreparo da direção atual, o descrédito que a federação tem passado. Nós somos o único estado do Brasil que você tem quatro clubes grande investimento na capital. São Paulo são três e um no interior. Por que a gente não tem mais quatro? Por que você não desenvolve o futebol no interior do estado? Por que você não fortalece as instituições?
Quem procurou vocês inicialmente? O capitão Léo foi um deles? Essa informação é correta?
O capitão Léo é uma das pessoas que está nos ajudando, que faz parte, veio aqui nos orientou. Mas hoje temos um grupo muito grande, hoje temos mais ou menos 70 pessoas trabalhando conosco.
Você pode citar algumas?
Tem quatro aqui na minha frente... Julinho (Lagosta), que foi dirigente, ex-conselheiro do Flamengo e conselheiro do Bonsucesso. Peruano que hoje é da torcida do Flamengo. O Dartagnan (Fernandes), presidente do Goytacaz, o Júnior (Cardoso), presidente do Itaboraí, Edmundo (Santos Silva), que é um grande amigo meu, ex-presidente do Flamengo. Mas tem muito mais.
*Notas: após a publicação, o presidente do Goytacaz Dartagnan Fernandes enviou a seguinte nota ao blog: "O Rogério Manso esteve em Campos na semana passada, mas em momento algum declarei apoio. Simplesmente conversa formal. O Goytacaz tem compromisso assinado de apoio à candidatura do Dr Rubens Lopes. Júnior Cardozo, presidente do Itaboraí, também entrou em contato: fomos sim procurados pelo senhor Rogério via contato telefônico, no entanto, nos posicionamos de forma bem diferente da citada na reportagem e consideramos a citação um tanto quanto inadequada e irresponsável!
Em relação aos processos que você responde? Você vê como um problema para sua candidatura?
Não, pelo contrário. Eu quero ter o direito... quando eu fui responder a esse processo, de uma forma errônea eu nunca tive a oportunidade, nunca fiz um depoimento, não tem um depoimento meu em delegacia, não tem nenhum esclarecimento da minha parte, foi tudo de forma extremamente arbitrária.
Você se declara inocente dessas acusações?
Eu nunca fiz um depoimento, minha querida, nunca me deram o direito do contraditório.
E o que você diz em relação à acusação?
Me acusam de eu ser chefe de uma série de situações que eu nunca fui sócio de nenhuma dessas empresas, nunca participei efetivamente de nada, não tem materialidade nenhuma contra mim e simplesmente me colocaram nesse polo processual.
Mas você acha que isso pode te prejudicar na campanha?
Pelo contrário. Eu acho que eu, como cidadão, como brasileiro, num direito democrático, tenho o direito constitucional... tanto que eu fui candidato nas eleições de 2016* e o Tribunal Superior Eleitoral meu deu os registros dizendo que eu sou ficha limpa. Nem em primeira (instância) eu fui (condenado), nem citado eu fui. Então um exemplo, se o Tribunal, hoje a lei que mais tem credibilidade no Brasil é a "Lei de Ficha Suja" e eu fui candidato nas eleições de 2016, passando por todo esse crivo, com todas essas certidões e mostrando que eu não tenho impedimento nenhum.
Então por que eu não posso hoje, numa associação de direito privado, não me declarar candidato?
*Foi candidato a vereador pelo PHS, no município de Belford Roxo, no Rio.
Não estou falando da questão do registro (da candidatura), mas do convencimento dos clubes. Você acha que este processo pode te atrapalhar?
Pelo contrário, pelo contrário. Porque quando as pessoas procuram entender a materialidade, elas vêem o absurdo que foi feito em relação ao meu nome. Pelo contrário, e eu quero como cidadão brasileiro, cidadão carioca, demonstrar, tanto para os presidentes, quanto para a população, a minha indignação e a minha inocência.
E não tenho dúvida de colocar meu nome pra imprensa, de colocar meu nome em evidência sabendo de tudo que vai provocar. O maior prejudicado com essa situação é minha família.
Qual a sua profissão, Rogério?
Sou formado em gestão ambiental. E faço pós-graduação em educação ambiental.
Mas qual sua fonte de renda, ocupação profissional?
Sou empresário.
Qual o ramo?
Eu tenho uma assessoria jurídica de várias empresas.
Então você é formado em Direito?
Não, sou assessor jurídico. Tô cursando... sou formado em gestão ambiental e curso a faculdade de Direito.
E hoje dou assessoria a diversas empresas, no âmbito do Direito.
Qual sua ligação com o futebol?
Sou diretor de um clube amador da capital.
Qual é o clube?
Clube Bravo Helps.
Helps de "socorro", em inglês?
Não, é o sobrenome de um falecido que a gente colocou em homenagem
Como soletra, como escreve?
Calma aí... (pergunta a uma pessoa ao seu lado): como é que soletra helps pra ela escrever?
H e i p s
Então é heips e não helps?
Isso, heips
Você é diretor desse clube...
Eu sou presidente eleito
O candidato montou também um canal no Youtube onde expressa suas principais ideias. No vídeo de apresentação, ele diz que é casado há 23 anos, pai de três filhos, nascido na Vila da Penha, e que tem formação evangélica na Igreja Batista.
Um de seus apoiadores, Peruano, também em vídeos na internet diz que Manso é "revolucionário" e que trabalha junto ao candidato para que ele trate as organizadas "com dignidade e sem nenhum preconceito".
Peruano e capitão Léo ganharam destaque no Flamengo na gestão de Patrícia Amorim. Este chegou a ser presidente do Conselho Fiscal da ex-presidente, com quem mantinha relações além do clube, tendo tido o seu sócio empregado no gabinete da dirigente, durante um de seus mandatos como vereadora no Rio, conforme revelou esta matéria da ESPN, em 2012.
Opositor da atual gestão do clube, ele foi expulso do quadro de sócios do Flamengo em 2015, sob a acusação de ter agredido conselheiros. Na mesma época, fazia parte do conselho fiscal da Ferj, na gestão de Rubens Lopes. Já Peruano é sócio-proprietário do rubro-negro.
Fonte: Gabriela Moreira, repórter do ESPN.com.br
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